Depois da minha espetacular fuga do spa de
segurança máxima onde estive internado na semana passada, resolvi me vingar e
contar para o mundo como é a comida nos hospitais suíços e a que submetem os
pobres pacientes.
Não sei por onde começar, pois me faltam
palavras para descrever aquilo que lá chamam, talvez por brincadeira, de "refeições". Vou então dar um
exemplo de menu – juro que é tudo verdade!
Alguém já comeu alface cozida? Não sabe o
que está perdendo... Mas não faz diferença, se comesse também não saberia, pois
não tem gosto de nada. E a aparência, então? Uma massa disforme, de cor
verde-excreção, cozida até quase desmanchar, te olha do fundo do prato como
quem diz: “Eu também não me comeria”...
Imaginem agora essa iguaria servida
juntamente com um purê de salsão sem sal. Imperdível, quero dizer, imperdoável.
O tal purê parecia uma gelatina incolor derretida, sabor zero - e diet.
São esses os acompanhamentos do componente
central do menu: carne de cavalo moída, sem tempero, com pedaços de nabo e
molho de erva-doce. Para fechar esse apetitoso menu, a
sobremesa: um delicioso pudim de ruibarbo diet. Ruimbrabo, deveria se chamar essa coisa roxa, pegasosa e asquerosa.
O lado bom é que a gente pode pedir para
que troquem um componente do qual já sabemos que não gostamos por outro que
vamos aprender a detestar.
Eu troquei, por pura esperança mal fundada,
a alface cozida por um punhadinho de penne, que veio mole, sem sal, sem
molho e sem tempero, cozido só na água, para ser mais saudável. Uma cola terrível que
não desgrudava do garfo, nem da garganta. O purê de salsão poderia ser trocado
por purê de espinafre. Deixei como estava, pois já tinha visto aquele purê antes
e parecia uma bosta de vaca no meio do prato.
Mas troquei a sobremesa e aconteceu algo
que jamais achei que seria possível: a nova opção foi mais revoltante do que a
primeira. Era meia maçã assada –
mas com calda diet de alguma coisa não identificada imitando morango, com
cheiro de anis e gosto de gengibre, horrorosa. Parecia uma bunda sangrando.
Só posso tentar adivinhar que mente perversa
poderia conceber um menu assim. As sádicas que serviam eu conheci bem; elas sempre
tinham a desfaçatez de me dizer, com carinhas de anjo do pau oco:-“Monsieur Simao, o senhor vai gostar
muito da refeição de hoje, é especial!
Tenho certeza que era. Especialmente feita
para me torturar! Eu passei a ter pesadelos por causa disso, sonhando que
estava em Santa Felicidade comendo um risoto de giló, maionese frita e frango
cru! E, de sobremesa, sorvete de lasanha à bolonhesa...
Perto da comida do hospital, até os
insossos pratos dos bistrôs suíços parecem iguarias. Agora que fugi daquela
prisão, vou pra casa comer, direto do pacote, a farinha de mandioca morreteana que
a Mari me trouxe do Brasil, que vou fazer descer com suco de caju vencido que
achei aqui num boteco português.
Maravilha !
Ánimo, Antonio. Quizás, este próximo julio podamos comernos un buen pedazo de alcatra en un rodizio, auténtico templo dedicado a la carne y al buen comer.
ResponderExcluirMe invitaron a dar una charla en Sorocaba, del 11 al 13 de julio. Falta que me lo confirmen, pero quizás sea una buena ocasión para verte a tí, o para hacerle una visita a Cristina Vermelho. Ya nos cartearemos!
Entre tanto, si me ves por Suiza, no será buscando la lechuga hervida... sino visitando buenos amigos como tú.